Um passeio no Alentejo
As rodas da bicicleta suspiram no asfalto numa conversa com o vento cuja resposta se encontra no sussuro da erva seca do campo.
O tlim-tlim das campainhas anuncia a presença e movimentos das ovelhas no olival. Um açor observa-nos enquanto procura presa mais pequena. Talvez o tal orelhudo que dançava entre as pedras um kilómetro atrás faça bom jantar?
O ritmo dos pedais acompanha a música do tilintar das campainhas com a voz líquida das mudanças. A "tica-tica" da correia na carrete continua ao passo que a melodia das ovelhas ressoa cada vez menos. O vento continua a sua conversa com as rodas.
Eu sigo a curva da estrada e o vento está agora a contrariar o meu progresso. Eu abro a minha própria conversa com o tal mas entre os dentes por motivo da perda de velocidade mesmo que esteja a pedalar com mais força. Puxo na alavanca das mudanças à procura de uma vantagem mecánica melhor e volto a marcar o ritmo. O vento é suave e de facto ajuda-me arefecer um bocado, já não me ressinto o seu toque no meu rosto.
Mais tarde, chego ao cruzamento antecipado e sou obrigado a parar enquanto verifico a minha orientação. Viro para a direita e sigo a estrada até o vento estar a bater nas costas... e ainda bem, pois só existe um "dedo" entre o sol e o horizonte e tenho ainda seis kilómetros a completar antes de chegar a casa. Mas está-se bem. Tenho o vento a favor e uma estrada direitinha com uns 20 minutos para chegar na boa.
Ahhh estou de férias.
2 comentários:
que post fantástico, Scott!
1 abraço
João leal
Quero conhecer esse lugar =]
Deus abençoe
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