quarta-feira, junho 01, 2005

Por vezes não há maneira.

A sair do metro vejo um cego (identificável pela bengala que usava). Não é notável a não ser que esteja com alguma dificuldade na orientação do bilhete para sair da estação. Curioso, começo a examinar o bilhete que acabo de usar para o mesmo efeito. Para além de uma seta impressa na frente e uma fita magnética no verso, não tem maneira de distinguir entre as quatro orientações possíveis do bilhete (o homem experimenta todas antes de conseguir sair).

Com esta imagem fixa no meu coração, volto mais tarde para apanhar o Metro para casa. Mal entro e vejo, mas esta vez, um cega com o seu cão de guia... a ter difficuldades... «Desculpa, mas posso ajudar?» Oferço eu. Ela responde «Pode, mas não pode fazer.» Tento explicar que o bilhete está completamente ao contrário (Consegue sentir a fita? Isto vai para baixo e para o lado dirieto.) Explico duas vezes e ela localiza a fita, mas não adianta nada. Colegas (por sinal, portugueses) que estão comigo, tentam... nada feito. Já se passa mais tempo nesta explicação do que apenas experimentar as quatro maneiras de inserir o bilhete. Agarro no bilhete (sou mesmo um bruto), oriento-o e ponho-o novamente na mão da cega e vou-me embora. Ouço o "bip" da máquina a indicar a sua passagem. Por vezes a melhor ajuda é não meter o nariz...

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